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A trajetória do ‘criptoboy brasileiro’ na lavagem de dinheiro

Dante Felipini, um jovem que se destacou tanto na área da tecnologia quanto no Direito, foi acusado de lavar cerca de R$ 20 bilhões com criptomoedas. Essa história intrigante é explorada na edição de setembro da Revista Piauí, onde o jornalista Allan de Abreu traça um panorama da vida de Dante, desde sua infância até a sua prisão em janeiro de 2023, no aeroporto de Guarulhos. Ele tentava embarcar para Dubai na hora da detenção.

Nascido em São Paulo, Dante já mostrava um talento especial para a programação aos 13 anos, quando ainda usava redes sociais que hoje já não existem mais. Crente de suas habilidades, começou a trabalhar aos 14 anos como garçom, mas nunca deixou a tecnologia de lado. Nesse mesmo período, se aventurou na Bolsa de Valores, investindo em ações de empresas que estavam em apuros. Essa ousadia lhe rendeu lucros que chegavam a R$ 9 mil.

Com o dinheiro na mão, ele decidiu revender armas de airsoft online, mas quando as vendas despencaram, Dante se tornou motorista de aplicativo. Aos 17 anos, a curiosidade pela deep web o levou a descobrir o Bitcoin e a se envolver com um grupo de criptomoedas. Foi assim que ele começou a percorrer o Brasil, participando de eventos sobre o tema.

Em 2013, aos 19 anos, Dante ingressou na faculdade de Direito. Apesar de algumas reprovações por falta, ele se destacou em seu trabalho de conclusão de curso, que abordava a lavagem de dinheiro com criptomoedas — um tema que, como veremos, se tornaria central em sua vida.

A virada na vida de Dante começou com o falecimento do pai de um amigo, que deixou dívidas tributárias. Para ajudar o amigo, ele comprou R$ 150 mil em criptomoedas, evitando assim que a Receita Federal confiscasse o dinheiro. Esse foi o pontapé inicial para suas operações. Ele começou a enviar remessas para um empresário chinês, que antes fazia transações com dólar-cabo para driblar o fisco. Isso atraiu mais clientes, e dois anos depois, Felipini lançou a empresa Makes Exchange, que operava com stablecoins. De 2017 a 2021, a empresa recebeu impressionantes R$ 7 bilhões.

A reportagem revela que suas operações se expandiram e, por meio de instituições financeiras, ele começou a lavar dinheiro do tráfico internacional de drogas, tendo como clientes grupos criminosos, incluindo o PCC e a máfia Ndrangheta. Para gerenciar essa crescente atividade, Dante e seu colega José Eduardo Froes Júnior fundaram a One World Services, uma plataforma situada nos Estados Unidos que facilitava suas transações.

Em uma reviravolta sombria, em janeiro de 2023, já residindo em Dubai, Dante teria se associado ao Hezbollah e colocado suas habilidades a serviço dessa organização. Entre outubro de 2022 e agosto de 2023, ele converteu R$ 847 mil a pedido de um empresário sírio, acusado de recrutar brasileiros para o Hezbollah.

A atuação de Dante Felipini está ligada à Operação Sibila, que, recentemente, investigou um grupo suspeito de lavar a impressionante quantia de R$ 50 bilhões por meio de criptomoedas. Essa história, cheia de altos e baixos, reflete não apenas a trajetória de um jovem talentoso, mas também as complexas relações entre tecnologia e crime no mundo das criptomoedas.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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